New York Times
04/10/2007
Milhares de criadores de software estão desenvolvendo recursos para o site de redes sociais que vem crescendo mais rapidamente, e muitos deles esperam que isso lhes ofereça oportunidade de enriquecer em companhia dos funcionários da empresa.
O Facebook, sediado em Palo Alto, na Califórna, abriu seu serviço a criadores externos de software, no segundo trimestre, convidando-os a criar ferramentas para o site e tentar lucrar com elas. De lá para cá, mais de quatro mil aplicativos inundaram o serviço, apimentando-o com jogos, programas fantasiosos que permitem transformar amigos em zumbis virtuais, e ferramentas mais práticas que possibilitam aos usuários exibir seus livros, filmes, vinhos e músicas favoritas em seus perfis.
A onda de atenção dos usuários e criadores de software causou uma disparada nas estimativas de valor da empresa para a estratosfera da Internet. No mês passado, quando surgiram informações de que a Microsoft estava considerando a possibilidade de investir US$ 500 milhões no grupo, as avaliações da empresa criada três anos atrás atingiram a marca de US$ 15 bilhões.
Agora parece que essa exuberância infectou todo o crescente ecossistema Facebook, ainda que ninguém até agora tenha provado que é possível construir um negócio lucrativo e com receitas sustentáveis no site.
Alguns criadores de software informam que faturaram dezenas de milhares de dólares em publicidade com os aplicativos que desenvolveram. Mas seus aplicativos em geral veiculam anúncios que alardeiam as virtudes de ainda outros aplicativos para o Facebook ¿ uma situação que lembra a de alguns dos primeiros garimpeiros da corrida do ouro norte-americana, que tentavam ganhar a vida vendendo picaretas a outros garimpeiros. E os criadores de software precisam bancar o custo de hospedar seus aplicativos em servidores próprios.
Mesmo assim, o setor de capital para empreendimentos no Vale do Silício está criando fundos dedicados inteiramente ao investimento em ferramentas para o Facebook. Empresários de Internet estão mudando o foco de seus negócios para concentrá-los no site de redes sociais. Alguns dos aplicativos mais populares estão sendo vendidos ¿ ocasionalmente, por preços da ordem das centenas de milhares de dólares -, mas apenas quando as idéias de compradores e vendedores quanto ao potencial do Facebook são semelhantes.
Lance Tokuda, presidente-executivo da Rock You, de San Mateo, Califórnia, disse que o preço seria alto para quem desejasse comprar o mais popular dos widgets que sua empresa de 20 funcionários desenvolveu para o Facebook, chamado Super Wall. "Se você me oferecesse US$ 10 milhões, eu responderia que não", disse Tokuda, 41.
O Super Wall, que permite que usuários do Facebook deixem mensagens, fotos ou vídeos nas páginas de perfis de seus contatos, é uma versão expandida de uma função que o Facebook oferecia em suas páginas de perfis, chamada Wall. Ainda que 10 milhões de usuários do Facebook tenham acrescentado o Super Wall a suas páginas, o aplicativo poderia ser rapidamente eclipsado caso o Facebook mesmo decidisse melhorar o recurso original.
Mesmo assim, Tokuda diz que a vida como um molusco aferrado ao casco do Facebook pode ser lucrativa. "Trata-se de um canal completamente novo de distribuição de conteúdo aos usuários, permitindo que eles mesmos se comuniquem", afirma. "A posse disso, em longo prazo, pode valer muito".
O Facebook mesmo vem estimulando o entusiasmo dos criadores de software. A plataforma foi promovida originalmente como uma maneira de construir negócios usando o Facebook como base. E, no mês passado, Mark Zuckerberg, criador da empresa, anunciou a criação de um novo fundo de investimento, o FB Fund, que ofereceria investimentos de até US$ 250 mil a criadores de novas ferramentas para o site.
Chamath Palihapitiya, vice-presidente de operações e marketing de produtos do Facebook, argumenta que os valores elevados pelos quais as ferramentas do Facebook vêm sendo avaliadas devem ser considerados razoáveis, considerando o que a empresa oferece aos empreendedores. "As pessoas consideram nossa plataforma como maneira de reduzir dramaticamente seus riscos de investimento. Por quantias relativamente modestas, e em prazos curtos, é possível determinar se os usuários vão mesmo querer adotar seu aplicativo", ele afirma.
Essa compreensão pode ser desenvolvida rapidamente. O Facebook fornece informações atualizadas aos seus membros quanto aos novos recursos que os usuários estão experimentando, e isso permite que os aplicativos se difundam mais rápido e de forma mais barata do que se estivessem em oferta em um site isolado de Internet.
A iLike, uma empresa de música via Internet sediada em Seattle, estava entre as primeiras a lançar um aplicativo para o Facebook, quando o site abriu as portas a esse tipo de atividade, em maio. A ferramenta iLike, que permite que usuários postem trechos de suas canções favoritas, foi acrescentada às páginas de 8,6 milhões entre os 43 milhões de usuários do site, desde então, e recebe duas vezes mais tráfego do que o site do serviço para o público em geral, inaugurado há um ano.
A iLike fatura com publicidade e comissões quando os usuários adquirem entradas para shows ou baixam canções do serviço iTunes encaminhados por ela, mas seus objetivos são consideravelmente mais ambiciosos. "Temos a oportunidade de criar a nova MTV", diz Ali Parvoti, 34, o presidente-executivo da empresa, que passou as duas últimas semanas viajando a Nova York, Los Angeles e Nova York, tentando convencer músicos e agentes a participar do mundo do Facebook, como já o fazem no caso do MySpace, um rival de maior porte.
Mas há questões sobre a capacidade desses negócios inspirados pelo Facebook para obter receitas de forma sustentável. Os criadores de software não podem veicular anúncios em suas "telas" ¿ a área em que os usuários instalam e interagem com aplicativos, e o Facebook não permite que eles anunciem nas páginas de perfis dos usuários.
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